sexta-feira, 18 de novembro de 2016

ATENAS
A presença de 16 mil imigrantes nas ilhas gregas do Mar Egeu, as tensões com os habitantes e a campanhas contra grupo de extrema direita estão criando um coquetel explosivo. Depois de Lesbos e Samos, a tensão se transferiu há três dias para ilha de Quíos, onde nesta sexta-feira um sírio ficou gravemente ferido por uma pedrada perto do campo de refugiados de Suda.
Na quarta e na quinta-feira alguns desconhecidos lançaram pedras e artefatos incendiários de uma montanha próxima ao campo, onde vivem 800 imigrantes, e destruíram as barracas de cem deles

A polícia acredita que os moradores estão se exasperados com dois roubos cometidos na quarta-feira seguidos por destruição de casas e carros. A polícia prendeu três argelinos e um adolescentes iranianos cerca de 40 anos.
Quíos, que acolhe cerca de 4 mil refugiados, está em ebulição disse uma autoridade da polícia que não quis se identificar.
A situação é semelhante a de outras ilhas da zona, onde há cerca de 16 mil imigrantes e refugiados. Os moradores dizem estar exasperados pela sua chegada massiva e pelas consequências negativas para o turismo.
Os imigrantes também estão cansados de esperar há alguns meses uma resposta a suas demandas de asilo. Seu temor é que sejam devolvidos para a Turquia, como estipula um acordo entre o governo turco e a União Europeia assinado em março para frear a onda imigratória.
No momento a espera os obriga a viver em condições difíceis, agravadas pelo cansaço, a falta de dinheiro e a chegada do inverno.
— Em todas as ilhas vemos que as pessoas estão desesperadas, decepcionadas — diz Roland Shöenbauer, porta-voz na Grécia da Agência da ONU para os Refugiados (Acnur).
A cada dia continuam chegando de várias dezenas de refugiados, em sua maioria sírio, afegãos e iraquianos, segundo a Acnur. Desde 2015, um milhão de imigrantes chegaram à Grécia. Neste contexto não se pode descartar que as organizações de extrema direita tentem aproveitar a tensão, indica a autoridade policial.

DEPUTADOS NEONAZISTAS FAZEM CAMPANHA
Esta semana um grupo deputados do partido neonazista grego Amanhecer Dourado visitaram Quíos e Lesbos. Segundo o site do partido, o terceiro mais importante da Grécia, estavam acompanhados de quatro deputados beldas do Vlaams Belang, um partido independentista flamenco de extrema direita.
Até agora a extrema direita estava à margem do debate sobre os imigrantes, recebidos em um primeiro momento com demonstrações de solidariedade pelos gregos.
Mas agora seus deputados estão visitando as ilhas e fazendo campanha, também na Grécia continental, onde há outros 45 mil imigrantes presos após o fechamento das fronteiras europeias.
O governo está preocupado com as tensões entre a Turquia e a União Europeia que poderiam provocar outra onda massiva de chegadas. Pelo momento seu objetivo de esvaziar as ilhas do Mar Egeu de imigrantes parece distante e somente 350 saíram até agora para o continente, segundo a Acnur.
Líderes europeus enviaram apenas uma pequena parte de reforços prometidos para ajudar as autoridades gregas a agilizar o exame dos pedidos de asilo.
Em outubro, o ministro grego de política migratória, Yannis Mouzalas, não escondeu sua raiva da União Europeia.
— A União Europeia tem que apoiar o acordo com a Turquia, não é só uma questão de solidariedade com a Grécia, é uma obrigação — afirmou.

Presidente concorda com Sampaio sobre risco de divisão da Europa.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que o antigo chefe de Estado Jorge Sampaio escreveu "um artigo lucidíssimo" sobre a situação internacional e tem razão quanto ao risco de divisão da Europa."O presidente Sampaio tem razão quando diz que, depois de tantos anos a construir a Europa, haver o risco da sua fraqueza, da sua divisão, do seu esvaziamento por guerras entre países, por movimentos populistas, por situações de xenofobia, de demagogia, de fechamento, a Europa fechar-se, isso é muito grave", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
No seu entender, contudo, "em Portugal não há essa situação, há uma grande estabilidade no sistema de partidos", o que apontou como "situação única relativamente a muitos outros países europeus".
O presidente da República falava aos jornalistas depois de ter inaugurado a sede da associação empresarial GS1 Portugal, em Lisboa, a propósito do ensaio de Jorge Sampaio publicado, esta segunda-feira, no jornal "Público" com o título "A nova Europa dividida num contexto internacional de incertezas. E nós?" e o subtítulo "O mundo na era Trump".
Na intervenção que fez durante esta inauguração, o presidente da República desviou-se do tema do seu discurso para falar deste ensaio e partilhar "uma nota" que disse ter-lhe ocorrido durante a manhã sobre os desafios atuais.
"Eu li um artigo lucidíssimo do presidente Jorge Sampaio sobre a situação que vivemos em termos internacionais", começou por dizer Marcelo Rebelo de Sousa. Segundo o chefe de Estado, no atual contexto "o primeiro grande desafio é não só não deixar morrer a Europa, mas dar força à Europa".
"Esse é um grande desafio para todos nós. Não é que não haja a vocação para o mundo, uma vocação universal, mas é diferente uma vocação universal com uma Europa partida, dividida, despedaçada, ou com uma Europa unida", prosseguiu.

Bélgica: cerca de 5.000 terroristas do Daesh podem retornar à Europa.

De acordo com o ministro do Interior da Bélgica, cerca de 5.000 jihadistas do grupo terrorista Daesh (proibido na Rússia) podem retornar em breve à Europa.

A declaração de Jan Jambon foi citada neste domingo pela emissora RTBF. De acordo com o político, de 3 a 5 mil cidadãos europeus que atualmente combatem na Síria e no Iraque ao lado do grupo terrorista Daesh podem ser obrigados a retornar à Europa, devido a atual ofensiva contra as posições dos jihadistas.

De acordo com o político, os serviços de segurança estão trocando informações e acompanham a situação. Ainda mais, 117 cidadãos da Bélgica que combateram nas filas dos terroristas já retornaram ao país. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

1.200 pessoas protestam na França contra o acolhimento a refugiados.

Algumas cidades na frança se opõem a criação de centros de acolhida, enquanto isso o governo quer distribuir 9 mil imigrantes Centenas de pessoas se manifestaram neste sábado (8) em cidades e vilarejos da França para se opor à abertura de centros de acolhida a imigrantes, uma medida contemplada pelo governo após o desmantelamento do amplo campo de refugiados de Calais, no norte do país.

Em Pierrefeu-du-Var (sudeste), de 6.000 habitantes, a criação de um abrigo para 60 solicitantes de asilo divide a população.

Uma manifestação foi organizada pelo município e outra pelo partido de extrema-direita Frente Nacional. Cerca de 1.200 pessoas aderiram às duas. Outra marcha, favorável à acolhida, reuniu apenas 250 pessoas.

Na região de Paris, a chegada, na segunda-feira, de 44 afegãos a Forges-les-Bains, de 3.700 habitantes, provocou o protesto de 250 vizinhos.

Entenda a crise na Grécia

Já pouco competitiva, a economia grega, foi abalada pela crise de 2008. No final de 2009, descobriu-se que o país estava escondendo suas contas e tinha uma dívida muito maior, o que agravou a sua situação. A atual crise econômica que atinge a Grécia decorre de um histórico em que o país gastou mais do que podia e que foi agravado em 2008, com a crise econômica mundial. Esse déficit no orçamento, por sua vez, foi financiado por empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do resto da Europa.

O tamanho da dívida é enorme, são praticamente 320 bilhões de euros, ou quase 180% do PIB. No dia 30 de junho, o país deu calote de € 1,6 bilhão no FMI. Em julho e agosto, a Grécia terá que pagar € 6,7 bilhões ao BCE.

Os ministros de Economia e Finanças da zona do euro, o Eurogrupo, recentemente anunciaram que irão emprestar 1,1 bilhão de euros à Grécia, mas deixarão pendente a liberação de mais 1,7 bilhão até que seja conhecido o progresso feito por Atenas na quitação de suas dívidas

O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras, um dia após fazer um apelo a investidores para ajudar na retomada da economia grega, atribuiu neste domingo o atraso na solução do problema fiscal do país ao desacordo entre a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo o premier, o dilema em torno de como tornar a dívida da Grécia sustentável está prejudicando as tentativas de recuperação econômica.
Descrevendo a pilha de dívida, equivalente a mais de 170% do PIB, Tsipras afirmou que os investidores continuariam temerosos pelo país enquanto os dois lados não encontrassem um consenso.
"Estamos mais próximos do que nunca de encontrar uma solução para essa crise. Mas o que atrasa o esforço para recuperar a confiança dos mercados é o desacordo contínuo entre as instituições européias e o FMI" - comentou Tsipras em uma coletiva de imprensa.